Um acidente de capotamento no Arco Metropolitano quase custou a vida de Marcos Peixoto, 47 anos. Apesar de ter sobrevivido ao grave evento, a fratura em uma vértebra da coluna o deixou em uma cadeira de rodas, alterando radicalmente sua rotina. Mais de um ano após o incidente, Marcos já consegue dar alguns passos e recupera a esperança de voltar a andar. O responsável por essa metamorfose é o Centro de Acolhimento ao Deficiente (CAD), da Prefeitura de Nova Iguaçu, que disponibiliza, sem custos, terapias de reabilitação física, intelectual e múltipla através do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Os médicos afirmaram que eu não conseguiria mais me levantar da cadeira de rodas, mas cada progresso que o CAD me proporciona aumenta a minha expectativa de retornar a andar”, relata Marcos, residente de Austin.
Mais do que um mero serviço de saúde, o CAD representa um comprometimento com dignidade e inclusão. O local abriga equipes multidisciplinares que oferecem fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, neurologia, pediatria, clínica médica, enfermagem e assistência social. O objetivo do trabalho é não apenas recuperar movimentos, mas também restaurar autoestima, independência e qualidade de vida.
“O CAD conta com profissionais altamente qualificados em diversas especializações, o que nos capacita a proporcionar um atendimento integral e humanizado. É uma atuação que assegura a reabilitação física, mas também o apoio emocional e social dos pacientes e suas famílias. Cada avanço representa um novo começo”, afirma o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Nobre Cavalcanti.
Para acessar o serviço, é imprescindível residir em Nova Iguaçu e procurar a Clínica da Família mais próxima com um encaminhamento médico. A partir daí, a Secretaria de Saúde agenda a avaliação inicial no CAD.
“Atualmente, cerca de 2.500 atendimentos mensais ocorrem em dez especialidades diferentes, sendo que a fisioterapia representa aproximadamente 60% do total”, revela Jeyson Correia, diretor da unidade.
Marcos é um dos pacientes que se submete ao tratamento pelo menos três vezes por semana. Ele recorda que, ao chegar ao centro, não conseguia se mover nem mesmo um pouco.
“Quando eu cheguei aqui, não conhecia ninguém. Hoje, o CAD é como uma segunda família para mim. Os profissionais são excepcionais, trabalham com dedicação, acompanham nosso dia a dia e estão totalmente alinhados com o paciente. Eu não realizava movimento algum e agora já consigo dar alguns passos. Estou experimentando uma evolução gratificante”, celebra.
Um dos primeiros profissionais a atendê-lo foi o fisioterapeuta Iran César Magri. Para ele, o segredo do êxito da reabilitação reside não apenas na competência técnica, mas também na conexão estabelecida com cada paciente.
“É extremamente gratificante estar no serviço público e observar a determinação dos pacientes, as pequenas conquistas diárias, tanto na esfera profissional, pois estamos aqui para isso, quanto na perspectiva humana. Um passo de cada vez, uma leve contração muscular já é uma grande vitória para todo o CAD, pois demonstra a eficácia do nosso trabalho”, enfatiza.
Nem sempre, entretanto, a evolução ocorre dentro do período esperado. A psicóloga Alessandra Cruz elucida que o fator emocional pode ser crucial.
“Alguns pacientes acionam gatilhos que os impedem de avançar, resultando em uma espécie de bloqueio. A psicologia aplica técnicas fundamentais no dia a dia para que o paciente identifique esses gatilhos e consiga liberar sua mente para progredir no tratamento”, afirma.
O CAD proporciona atendimentos que abrangem desde a fisioterapia até a psicologia, incluindo neurologia, pediatria, terapia ocupacional, fonoaudiologia e clínica geral.