Nova Iguaçu se Tornou Referência Nacional no Tratamento da Tuberculose Grave com Projeto Inédito

“O ambulatório móvel representa um progresso no combate à tuberculose em suas formas mais severas, quando a bactéria se torna resistente aos medicamentos habitualmente utilizados. Essa colaboração com o Centro de Referência Professor Hélio Fraga potencializa nosso acolhimento e a assistência aos pacientes”, declarou.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelo país é assegurar a continuidade do tratamento da tuberculose, especialmente nos casos onde o organismo demonstra resistência ao fármaco rifampicina. Nesse estágio, a enfermidade é classificada como tuberculose multirresistente, considerada crítica.

No primeiro semestre de 2025, a rede municipal de saúde registrou 638 atendimentos, com 34 pacientes já recuperados. No ambulatório móvel, aproximadamente 60 pessoas estão em monitoramento desde janeiro, com apenas três abandonos — uma das mais baixas taxas já registradas. O tratamento pode se estender de seis a 18 meses, dependendo da severidade.

“Anteriormente, os pacientes de Nova Iguaçu precisavam se deslocar até nosso hospital em Curicica para receber atendimento. Com a implementação do ambulatório na cidade, conseguimos avaliar mais de perto a adesão, reduzir faltas e proporcionar acompanhamento contínuo, com consultas e medicamentos acessíveis”, esclarece Paulo Victor Viana, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz.

Além do ambulatório, o município dispõe de quatro unidades de referência — o próprio Vasco Barcellos, o Hospital Geral de Nova Iguaçu, a Clínica da Família do Ambaí e a de Vila de Cava — além das 58 Unidades Básicas de Saúde (UBS). Para agilizar o diagnóstico, as amostras coletadas são enviadas para análise por motoboys ao Vasco Barcellos, onde são submetidas a Testes Rápidos Moleculares (TRM). Todos os pacientes, com resultado positivo ou sob investigação, têm consulta agendada para avaliação minuciosa, garantindo a detecção precoce de casos ainda não identificados.

“Três anos atrás, Nova Iguaçu registrava cerca de 700 casos de tuberculose. Esse número duplicou, alcançando 1.300, o que demonstra que estamos diagnosticando mais pessoas e assegurando um tratamento eficaz”, explica Lígia Maria Domingos, gerente de Doenças Crônicas da Secretaria Municipal de Saúde. “Quando o resultado é positivo, o paciente já sai com consulta agendada e toda a família também é acompanhada.”

O trabalho ainda é parte da rede de assistência social do município. Os pacientes recebem apoio psicológico e social e têm acesso ao cartão alimentação de R$ 250 mensais disponibilizado pelo Governo do Estado.

O estudante Allan Caíque Gonçalves, de 18 anos, é um dos favorecidos. Residente do Ambaí, ele antes percorria 60 quilômetros até Curicica para seu tratamento. Hoje, realiza o acompanhamento a poucos metros de casa. “Receber o diagnóstico foi um choque, mas agora consigo me tratar perto da família e recuperar minha saúde e dignidade. Digo a todos: não tenham vergonha, façam o teste e procurem ajuda”, aconselha.

A tuberculose é uma enfermidade infecciosa transmitida pelo ar. Entre os sinais estão tosse persistente, febre no final do dia, suor noturno e perda de peso. O tratamento é gratuito pelo SUS, tem duração mínima de seis meses e deve ser seguido até o final para garantir a cura.

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